Manifestação diz não para alteração do código

Movimento SOS Florestas mobilizou centenas em Curitiba contra a votação no Congresso.

Cinco cidades brasileiras, incluindo Curitiba, fizeram manifestações ontem, contra a aprovação do novo Código Florestal. A coalizão nacional SOS Florestas, lançou a Mobilização Nacional contra o PL 1876/99 (relatório do deputado Aldo Rebelo), que modifica o Código Florestal. Foram realizados atos públicos em Curitiba, Fortaleza (CE), Piracicaba (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Volta Redonda (RJ).

O objetivo é exercer pressão direta sobre parlamentares em seus domicílios eleitorais, com o apoio de organizações locais. Nas próximas semanas, outras manifestações estão previstas em mais 16 cidades. A coalizão reúne ONGs, estudantes, ambientalistas, políticos, instituições, escolas e universidades, entre outros.
Em Curitiba, a manifestação reuniu duas mil pessoas que realizaram uma passeata da Praça Santos Andrade até a Osório. Ao longo do trajeto, os manifestantes carregavam faixas, cartazes, tocavam instrumentos e até uma motosserra carregada pelo personagem Jason, de Sexta-Feira 13. Ao final da manifestação, na Praça Osório, foi dado um abraço na praça.



Também foi lançado, no site www.sosflorestas.com.br, uma plataforma online para o público aderir à iniciativa. A ferramenta disponibilizará materiais da campanha, como vídeos, cartilhas, petições e sugestões de atividades. O público-alvo são escolas, faculdades, centros comunitários e movimentos sociais.

“A discussão hoje não é se estamos ao lado do agricultor ou contra o agricultor, não é isto que está em jogo. O que está em jogo é a criação de um sistema produtivo que possa ser sustentável do ponto de vista da sua exploração”, comentou o deputado estadual Rasca Rodrigues (PV), que é contrário à aprovação do código como ele foi formulado.

Para os manifestantes, o substitutivo do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) reduz a proteção aos ambientes naturais estabelecida pelo Código Florestal Brasileiro. A mobilização também cobra do Governo Federal maior envolvimento nessa discussão, que pode determinar os rumos do desenvolvimento futuro do país.

O substitutivo de Rebelo, aprovado em comissão especial, deve entrar na pauta de votação da Câmara dos Deputados na próxima semana. Até agora, não houve manifestação oficial do Governo Federal sobre as propostas defendidas pela bancada ruralista embora sejam muitas as manifestações pedindo cautela na aprovação das mudanças. No início desta semana, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) pediu o adiamento da votação por dois anos para que a comunidade científica possa apresentar contribuições ao texto.

A votação do Código Florestal na Câmara deve ocorrer na próxima quarta-feira, em sessão extraordinária. O líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o relatório, do jeito que está, pode ser votado por meio de acordo. “O relatório de Aldo Rebelo [PCdoB-SP] é muito equilibrado e o discurso está completamente afinado no governo”, disse.