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domingo, 24 de julho de 2011

Casamento gay entra em vigor em Nova York neste domingo

Lei foi aprovada graças aos votos de quatro senadores republicanos conservadores. Conheça as razões que os fizeram mudar de ideia e o impacto desse gesto.

As americanas Jeanette Coleman e Kawane Harris
 celebram sua despedida de solteira dias antes da lei
que permite o casamento gay entrar em vigor em Nova York
 (Tina Fineberg/AP)

  Desde os anos 1970, milhares de gays americanos sonhavam com o dia em que poderiam vestir roupas de gala, ir a um cartório de Nova York, trocar votos e celebrar publicamente. É improvavel que em qualquer um desses sonhos a lei autorizando o casamento homossexual fosse aprovada por uma câmara de maioria republicana. Pois foi o que aconteceu. No dia 24 de junho de 2011, por 33 a 29 votos, o Senado estadual de Nova York - instituição pecualiar da federação americana - conferiu igualdade de direitos aos casais de todas as orientações sexuais. Neste domingo, a medida entra em vigor no estado, que já se prepara para celebrar centenas de cerimônias. Isso só foi possível porque quatro senadores do partido conservador americano resolveram dizer “eu aceito” para o casamento gay.


O republicano (e cristão) James S. Alesi foi o primeiro dos quatro a anunciar a mudança de posicionamento. Depois de ter votado contra a medida na Casa dois anos atrás, Alesi resolveu desta vez apoiar a bancada democrata na questão do casamento gay. “Eu sempre fui a favor da igualdade de direitos nas uniões homo e heterossexuais. Mas, às vezes, no mundo político, as decisões são tomadas por razões estratégicas e não por convicções pessoais", admitiu Alesi ao site de VEJA. "Foi esse o caso em 2009. Nós temíamos perder votos nas eleições que se aproximavam e decidimos pelo ‘não’”, diz ele.


  O político disse que a votação de 2009 foi contra tudo aquilo em que ele acreditava e, por isso, se tornou algo "muito angustiante". "Prometi a mim mesmo que se eu tivesse a oportunidade de votar essa medida novamente, optaria pelo ‘sim’”, acrescentou. O senador foi seguido por seus colegas de partido Roy J. McDonald, Stephen M. Saland e, na última hora, por Mark J. Grisanti que, apesar de seu catolicismo fervoroso, admitiu: “Não posso negar a um cidadão, alguém que paga impostos, os mesmos direitos que eu tenho com minha mulher”.

Por causa de seu voto, cada um deles teve que enfrentar consequências nada surpreendentes para políticos com um eleitorado tradicionalmente conservador. Grisanti foi abordado, em sua própria igreja, por eleitores que prometeram nunca mais votar nele. Alesi provavelmente precisará contar com alguma ajuda do eleitorado democrata para conseguir reeleger-se. E todos eles enfrentarão a ira da Organização Nacional pelo Casamento, uma instituição que se opõe à união homossexual nos Estados Unidos e prometeu gastar 2 milhões de dólares para evitar que eles voltem a ser legisladores um dia na vida.

Mudanças - Em contrapartida, há quem acredite que o custo político da decisão não é tão elevado quanto se imagina. “É cada vez menos arriscado votar a favor da causa gay. Até mesmo para os republicanos”, defende Jonathan Rauch, autor de Gay Marriage: Why It Is Good for Gays, Good for Straights, and Good for America (Casamento Gay: Por que ele é bom para gays, bom para heterossexuais e bom para os Estados Unidos, editora Henry Holt). “A opinião pública com relação à homossexualidade está mudando muito rápido nos Estados Unidos”.

Por décadas, uma substancial maioria dos americanos acreditava que relacionamentos homossexuais eram imorais. Em 2009, levantamentos apontaram a primeira divisão do público quanto à questão. Apenas dois anos depois, em 2011, o resultado se inverteu e a vasta maioria dos interrogados opinou que essas relações são moralmente aceitáveis. “Os americanos, hoje, acreditam que politicamente incorreto é pensar que a homossexualidade é errada. Isso se refletiu tanto na aprovação do casamento gay em Nova York, quanto na autorização do serviço militar para gays e na diminuição da restrição de vistos para parceiros de homossexuais”, exemplifica Rauch.

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