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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Na tribuna, Requião diz que foi vítima de “bullying”

Em discurso, o paranaense alegou ter pego o aparelho para evitar “distorções” com a edição da entrevista.







Um dia depois de tomar o gravador de um repórter da Rádio Bandeirantes, ao ser questionado sobre a aposentadoria vitalícia de R$ 24,6 mil que recebe como ex-governador do Paraná, o senador Roberto Requião (PMDB) ocupou ontem a tribuna do Senado para se defender das críticas pela atitude. Em discurso, o paranaense alegou ter pego o aparelho para evitar “distorções” com a edição da entrevista, confessou ter “perdido a paciência” com o repórter, e alegou ser vítima de “bullying” por parte da imprensa.

“Perdi a paciência. Reconheço que ontem perdi a paciência, pelas razões que passo a relatar. No plenário, fui procurado por um repórter da Rádio Bandeirantes. Assunto: risco de alta da inflação. Respondi perguntas sobre o tema e, na sequência, o repórter busca vincular a inflação à pensão que eu recebo por ter sido três vezes governador do Paraná”, contou. “Respondi uma. Respondi duas e na terceira vez, irritei-me com a insistência, entendi que não era mais uma entrevista, que havia nas perguntas doses de provocação ao estilo ‘CQC’ ou ‘Pânico’”, alegou. “Por que o fiz? Para que ele não editasse a entrevista, não a picotasse, não desfigurasse. Peguei o gravador, copiei a entrevista e publiquei na íntegra em minha página na internet”, disse.






Na segunda-feira, Requião tomou o gravador do repórter Victor Boyadjian, da rádio Bandeirantes. O senador depois devolveu o gravador ao jornalista, mas sem o cartão de memória. Depois, seu  filho Maurício devolveu o cartão, mas já com a entrevista apagada.
A ação ocorreu logo depois que o jornalista o questionou sobre a aposentadoria que recebe como ex-governador. No final da gravação é possível ouvir Requião ameaçando o jornalista. “Já pensou em apanhar, rapaz?”, diz o senador. “Peraí que eu vou desligar”, responde o jornalista. “Você não vai desligar p... nenhuma. Eu vou ficar com isso aqui”, disse.

Providências — O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (DF) pediu providências ao Senado contra o ato de Requião. O presidente do sindicato, Lincon Macário, protocolou uma representação na secretaria-geral da Casa, pedindo a adoção de medidas previstas no Regimento, pela quebra de decoro parlamentar. São elas: advertência ou censura, oral ou escrita, suspensão e perda do mandato.


Macário diz acreditar que a representação será encaminhada ao Conselho de Ética, apesar do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ter a prerrogativa de advertir ou censurar o parlamentar. O jornalista disse temer que a demora na adoção de medidas - já que o conselho de ética está desativado e só hoje é que serão oficializados seus novos integrantes - “esfrie” a repercussão do caso, mesmo ficando evidente o descaso total do parlamentar para com a liberdade de imprensa.

“Acreditamos que o senador ainda não se deu conta da dimensão de seu ato, é um péssimo exemplo que ele passa para a sociedade e para as milhares de pessoas que o têm como referência e que votaram nele”, afirmou. Para Macário, a melhor solução seria um pedido de desculpas de Requião, não só ao jornalista, mas ao conjunto da categoria e ao conjunto da sociedade, “pois é a sociedade que vai estar prejudicada a partir do momento que as autoridades se acharem no direito de cassar os gravadores”.



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