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quarta-feira, 4 de maio de 2011

"Obama, Osama, EUA e as Contradições da Morte de Um Bin Laden"

1: ele não estava armado; 2: a foto do corpo não apareceu; 3: EUA dizem que governo do Paquistão apoiou operação, mas país nega; 4: por que Osama foi morto em vez de preso, se poderia dar informações cruciais para a luta contra o terror?

03 de Maio de 2011 às 22:29


Marco Damiani_247 – A cada dia, as contradições em torno da morte de Osama Bin Laden se avolumam. Já está claro, por isso, que, na guerra ao terror, a primeira vítima é a verdade. A Casa Branca optou por divulgar informações de forma homeopática, aos poucos, e esse sistema já revelou uma contradição. Na segunda-feira 2, o assessor para Segurança e Terrorismo John Brennan afirmou que, ao ser cercado pelos fuzileiros, Bin Laden fez uma mulher de escudo humano. “Ele estava no meio da troca de tiros”, disse Brennan, dando a entender que o terrorista tinha uma arma nas mãos. Na terça 3, porém, o porta voz Jay Carney deu outra versão. Segundo ele, Osama não usava nenhuma arma no momento em que foi morto, mas “reagiu” à chegada dos fuzileiros. Como foi essa reação, ele não explicou.

Além disso, os Estados Unidos, até agora, se recusam a mostrar uma foto do terrorista morto. A imagem seria “atroz”, segundo o porta voz Carney, e teria caráter “explosivo”.

Num terceiro ponto, e talvez o mais obscuro, o governo do país não explica porque, diante da importância estratégica das informações que Osama Bin Laden poderia fornecer, ele não foi, simplesmente, preso, em lugar de morto.



Logo após o desfecho da operação, por outro lado, o governo americano informou que o presidente Obama já havia telefonado para o presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, para agradecer o apoio do governo do país na caçada a Bin Laden. Foi divulgado inicialmente, inclusive, que o Paquistão destacara um helicóptero de combate para atuar no ataque à mansão em que Bin Laden vivia. Na terça 3, porém, o governo paquistanês informou que não teve nenhuma participação na operação. Essa negativa pode ser interpretada como medo de represálias por parte dos terroristas. Se é isso, a Casa Branca foi ingênua e temerária a envolver um país aliado – os EUA transferiram mais de US$ 20 bilhões para o Paquistão nos últimos anos, a título de ajuda – numa situação de risco.

O certo é que todas essas lacunas levaram a mais alta autoridade da ONU para os Direitos Humanos, a comissária Navi Pilay, a pedir melhores explicações por parte do governo dos EUA sobre o ataque. “Esta foi uma operação complexa e seria útil se fôssemos informados dos fatos precisos em torno de seu assassinato”, afirmou ela, em reposta por escrito a uma pergunta formulada pela agência Reuters. “As Nações Unidas enfatizam que todos os atos contra o terrorismo devem respeitar o direito internacional”, completou. A comissária Navi sublinhou que Bin Laden foi mentor confesso dos “mais terríveis atos de terrorismo” ocorridos no mundo.

A Casa Branca divulgou fotos do presidente Barack Obama, da secretária de Estado, Hilary Clinton, e de diversos assessores assistindo a operação militar que resultou na morte de Bin Laden. As cenas foram narradas, a partir da sede da CIA, em circuito fechado de tevê, pelo diretor Leon Penetta. “Eles chegaram ao alvo”, contou o diretor da CIA, a respeito da chegada dos fuzileiros à mansão em que Bin Laden estava. Minutos depois, fez novo comentário: “Nós temos contato visual com Gerônimo”, referindo-se a Osama. Pouco depois, arrematou: “Gerônimo EKIA”. Na Casa Branca, todos permaneceram em silêncio, até que o presidente Obama falou: “Nós o pegamos”.

A narrativa indica que a operação foi planejada para matar Bin Laden, e não para capturá-lo com vida. Apesar de ele ter sido, potencialmente, a fonte de informações mais importante do mundo para assuntos de terrorismo, agora Bin Laden não pode mais falar o que sabia. O governo dos Estados Unidos informou que foram apreendidos computadores com a finalidade de obter informações sobre a rede Al-Qaeda e suas ramificações. Gerônimo foi o apelido dado como código a Osama.

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